domingo, 20 de maio de 2012

Meditação futebolística de ocasião


Ouvia há pouco o Sala de Domingo, programa esportivo da Rádio Gaúcha. É geralmente muito ruim. Hoje não foi diferente. Ouço em parte por masoquismo, em parte porque domingo é dia de futebol.

Mas hoje, devo confessar, eu tinha um motivo extra para ouvir. Queria acompanhar a choradeira dos comentaristas ao falar da vitória do Chelsea. Não deu outra. Eu tinha certeza que ver um time de azul, retrancado e levando o caneco contra um time de vermelho evocaria as piores lembranças nos nossos comentaristas.

Mas que maravilha! Definições clássicas do discurso sobre a contradição performativa “futebol arte” foram evocados. Nando Gross falou do anti-jogo do Chelsea. Do defensivismo. Do crime que foi cometido contra o verdadeiro futebol. Da beleza do futebol do Barcelona. Alguém da mesa jogou o tema que todos mastigavam mas não tinham coragem de enunciar: o Grêmio da década de 1990. O grande Grêmio do futebol ortodoxo, uma verdadeira máquina de jogar bola, administrada pelo grande Felipão, o homem que deu ao Brasil seu mais recente título Mundial, o Brasil de Anderson Polga e do grande Emerson, o volante de contenção.

O Nando Gross, quase arrancando as calcinhas por cima da cabeça, chega ao absurdo de evocar o lamentável Armando Nogueira, o mais lembrado defensor do futebol bailarino de todos os tempos, autoproclamado inimigo número 1 da grande escola futebolística gaúcha de equipes memoráveis, como o Grêmio das décadas de 80 e 90, do Brasil de Pelotas da década de 80 e, até mesmo, do Renner e do Força e Luz dos anos 50. 

O nosso prezado comentarista chegou ao aparente absurdo de afirmar que Armando Nogueira não era futebolisticamente carioca, mas sim brasileiro. Ora, com essa eu concordo. O Grêmio era e voltará a ser do Prata. 

E nesse crise maníaca de defesa do indefensável, esse futebol bailarino, um jogo que mais parece uma dança, um mero ritual malemolente e absolutamente inconsequente, eles, é claro, vieram falar da derrota de Sarriá. E junto com essa lembrança, só comparável em grandeza com a Copa de 1950, vem todo o papo furado sobre a seleção de 1982. Seleção que ganhou o que mesmo? NADA.

Alguns dos componentes da mesa, pra fechar, lembraram a manifestação do abominável Armando Nogueira quando o Grêmio de 1997, jogando um futebol ortodoxo, vergou o Flamengo dentro do Maracanã, o Flamengo namoradinha do Brasil, de Sávio e Romário e desse mesmo Luxa que agora está (lamentavelmente) na casamata do Grêmio.

Os exemplos não paravam de ser oferecidos: o Porto, campeão mundial; o Once Caldas, que entornou a calda dos namoradinhos do Brasil São Paulo e Santos; a Grécia da Euro... Confesso, fazia tempo que não me divertia tanto, ainda por cima reforçando minha tese sobre a essência do futebol...


2 comentários:

  1. Até que, para um gremista, vês de forma muito lúcida o futebol!

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  2. Oscar, tu és um colorado que foi salvo pelas origens uruguaias.

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