terça-feira, 28 de abril de 2009

Viva o atraso!


Várias cidades em vários países do mundo tem estimulado a sua população a utilizar a bicicleta como meio de transporte no dia-a-dia. Ecológica, saudável e inteligente, a bicicleta é, em muitos casos, uma importante válvula de escape para muitos dos problemas urbanos que nos afligem, como a emissão de gazes tóxicos e o congestionamento.
Mas, é claro, devemos deixar a simpática "magrela" para os atrasados. Deixe-a para os alemães, para os franceses ou para os intelectuais políticamente corretos. Aqui em Porto Alegre nós queremos mesmo são carros e mais carros nas ruas, em geral tripulados por um passageiro, atolando algumas de nossas principais avenidas nos tais "horários de rush". Queremos afirmar para quem quiser ouvir que nós desejamos reificar a fálida e ultrapassada tecnologia baseada em motores movidos a gasolina ou álcool. Nós, definitivamente, não queremos as ciclovias para o lazer, muito menos para promover uma alternativa limpa e ecológica aos nossos problemas urbanos. Viva Porto Alegre!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O modernismo sob o signo da heresia


Peter Gay é um desbravador. Sua pentalogia dedicada a cultura vitoriana já garantia a ele um lugar de destaque no panteão dos historiadores, seja pela erudição, seja pela orginalidade com que aproximou psicanálise e história. Psicanálise, aliás, que ocupou boa parte da sua obra, seja com a incontornável biografia que escreveu de Freud, seja com "Freud para Historiadores".
Sua mais recente obra publicada em português chega às nossas livrarias relativamente próxima da sua edição norte-americana (lá, foi publicada no final de 2007, aqui, em março de 2009) e intitula-se "Modernismo, o fascínio da heresia". A obra além de elegantemente escrita é riquíssima por sua abrangêngia, uma vez que ela cobre, ao menos panoramicamente, arquitetura, artes plásticas, poesia, prosa e teatro, em um arco de mais de um século. É claro que, aqui e ali sentimos falta de uma discussão de maior profundidade sobre alguns temas candentes, como as artes plásticas ou mesmo a arquitetura, mas como o próprio autor esclarece logo nas primeiras páginas da obra, a sua intenção não é oferecer um estudo monográfico e sim um panorama que perseguisse o tema da heresia modernista, vista aqui como a crítica dos valores da sociedade burguesa, tal qual vista pelos artífices do movimento. O certo é que se trata de uma bela obra de leitura obrigatória para nós que nos interessamos pelos caminhos seguidos pela arte, do século XIX ao XX e, quiçá, ao XXI.