quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um pouco de ruído


Segundo alguns, dentre todas as expressões artísticas ligadas ao modernismo, a música erudita é a menos compreendida. Hermética, voltada somente para os pares, distante mesmo dos apreciadores da música.
Deste argumento, um ponto é indiscutível: a distância da música contemporânea das salas de exibição. Nomes como o de Debussy, Schoenberg, Shostakovich e Satie, para não falar de um Stockhausen, raramente figuram nos programas, seja de grandes orquestras, seja de grupos menores que se apresentam em pequenas salas espalhadas pela cidade de Porto Alegre e pelo resto do país.
Um belo guia para compreender um pouco melhor essa ilustre desconhecida, a música contemporânea, foi publicado em português: Alex Ross, O Resto é Ruído. Saiu pela Cia das Letras. O professor Celso Loureiro Chaves, que mantém há anos uma bela coluna sobre música no Caderno de Cultura do Jornal Zero Hora, sempre aos sábados, resenhou o livro, ressaltando suas virtudes e algumas de suas fraquezas. Além do azedume do autor com relação à música pós-1945, Loureiro Chaves destaca algumas fragilidades da tradução.
Ainda assim, pelo panorama que oferece, pela quantidade de informações e pelo rumo que oferece para aqueles que apreciam a música sem conhecê-la tão à fundo, sua leitura é um grande prazer. Eu mesmo, que não sou músico, tenho fruído da leitura da obra com grande prazer!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Yves Klein (1928-1962)





Artista performático francês. Produtivo em seus 33 anos de idade (idade, diga-se, crítica para vários revolucionários...). Ainda que tenha produzido em vários suportes, chamam a atenção os happenings por ele produzidos, com modelos nuas pintando enormes telas com seus corpos, acampanhadas por uma banda e uma platéia. Coloquei aqui algumas imagens de trabalhos seus.

Dylan e as risadas


Bob Dylan, um dos meus gurus da cultura pop, disse certa feita que a felicidade não estava entre as suas prioridades. Constatação seca, direta e precisa. Há uma distinção que deve ser feita por ser fundamental. Uma coisa é a alegria insuportável, o riso "caimbrico" de, por exemplo, um Padre Aeróbico como o Marcelo Rossi. O riso satânico de um multi-cretinizante como Silvio Santos. Um riso pagodeiro. Sertanejo. Futebolístico. Só posso crer que riam da cara de quem bate palmas para eles.
É diferente, no entanto, de uma boa gargalhada cheia de fel e sarcasmo. Daquelas saídas das profundezas do caos interior de quem cultiva uma visão de mundo que eu costumo crer se tratar de puro realismo, mas que para alguns é azedume ou pessimismo.
É simples, no entanto, sentir um travo amargo na língua. Basta olhar em volta. Pense no que tu fazes. Pense nas pessoas que tu não escolheste para ter cercarem e que lá estão. Pense em tanta burrice e tanta bobagem que se diz por aí. Viu só, tá achando alguma graça? Eu, sigo bem, ouvindo meu disco do momento, Alice, do Tom Waits, e vendo onde a onda nos leva.