Há um bom tempo li um livro que acho genial (vou publicar em próximo post alguns comentários que escrevi sobre ele), de Lindsay Waters, sobre a situação das editoras acadêmicas hoje nos EUA. Se eles, que possuem uma tradição de publicações acadêmicas e de obras de referência de alto nível, estão de cabelos em pé, o que resta de nós?
Um tema que aparece nas queixas dele e que me interessa sobremaneira é a falta de crítica. E quando falo de crítica, falo0 no mais nobre dos sentidos dessa expressão, qual seja, o debate franco e necessariamente apaixonado de idéias, algo que parece, em nosso meio, impossível. Qualquer crítica é tomada como um ataque pessoal. Portanto, elas não acontecem. Nas raras vezes em que vemos um debate, ele acaba em ataques ad hominem. Nessa seara pedregosa, o que merece um olhar atento dos sociólogos da cultura é a indústria da resenha.
Sim, pois o volume de resenhas publicado a cada número de uma revista acadêmica entre nós beira o ultraje, tamanho o número de elogios e de afagos que o resenhado recebe. Isso se deve ao fato de a resenha, entre nós, haver se tornado um mercado de favores e de estratégias de aquisição de capital social.
A resenha é, em geral, escrita por doutorandos ou mestrandos que, via de regra, são efusivos em seus elogios a obra resenhada, obra escrita por algum medalhão de quem o sujeito que se inicia nas lides acadêmicas quer se aproximar.
Já no caso de resenhas assinadas por professores na ativa e com carreira bem constituída, entramos no campo das trocas de favores, de aproximações ou mesmo de uma gentileza oferecida a um colega.
Infelizmente, na média as resenhas com algum tipo de ressalva ou crítica a determinado autor e sua obra são obra de alguma vendetta. Fica a dica para algum bourdivine de plantão: a sociologia da resenha urge.
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